Religiões, dogmas e crenças
É de
conhecimento geral a propensão do homem à violência, tendência que é aumentada
pelos constantes estresses da vida cotidiana, sem nada para deter esse impulso
a raça humana estaria fadada à extinção. Uma das formas criadas pelo homem de
se evitar esse impulso negativo é a adoção da religião. Ela proporciona um
objetivo, traz paz e esperança aos que sofrem, faz com que o indivíduo se sinta
especial ao dizer que Deus tem um propósito especial em sua vida, além de
ajudar a manter algumas leis defendidas pelo Estado. Por esse e tantos outros
motivos, eu considero a religião uma das maiores criações da humanidade.
O homem
possui a necessidade de acreditar em alguma força superior (Deus, anjos,
espíritos, ou outras entidades menos conhecidas). Desde as primeiras
civilizações esbarramos com o conceito de divindade, conceito esse que nos
ajuda de inúmeras formas a lidar com problemas do cotidiano. Todavia, existe
uma grande diferença em crer em entidades superiores e fazer parte de algum
culto religioso. Acreditar na existência de seres acima dos humanos é
totalmente pessoal, uma escolha totalmente subjetiva, que varia de indivíduo
para indivíduo – pode ser interpretada como o passo que antecede a aceitação de
uma religião. Agora, segui uma doutrina é uma atitude que envolve aceitar uma
série de dogmas, o que acarreta o sentimento de culpa, visto que o ser humano é
falho, portanto em determinado momento não conseguirá cumprir todos os dogmas,
essa incapacidade em cumpri-los cria o pecado, que por sua vez causa o
sentimento de culpa.
A existência
da religião ajuda a manter algumas das leis defendidas pelo Estado. Isso
diminuiu com a criação do Estado laico, mas ainda assim os dogmas e leis mais
antigos se mantêm, permitindo assim que haja um apoio mútuo. Um exemplo dessa
cooperação é a Igreja da Idade Média, situada no regime feudal, onde as condições
de trabalho eram totalmente insalubres. Em meio a tanto sofrimento os
camponeses não encontravam grandes motivações para continuar trabalhando. Essa
era uma atitude perigosa para a nobreza e o clero, a base da economia eram os
tributos pagos à nobreza, além dos camponeses fazerem doações à Igreja. Os
trabalhadores não tinham grandes aspirações nas suas vidas, portanto os padres
passaram a dizer que a preguiça era um pecado capital, o ócio deveria ser
temido, pois era prática do demônio, além de ensinar que mesmo que os
camponeses não encontrassem nenhuma dose de felicidade na Terra, eles
encontrariam o tão merecido galardão no paraíso. Apesar de fazer tempo, a crença
de que o trabalho edifica o homem e de que a preguiça é um pecado perdura,
afinal vivemos numa sociedade capitalista, se os operários se recusassem a
trabalhar por não terem nenhum objetivo, colapsaríamos.
Outra
característica que deixa clara a ajuda que a Religião/Igreja proporciona ao
Estado é o medo criado ao se transgredir uma lei. Um criminoso, ao menos um que
siga alguma crença religiosa, não deve temer apenas a represália do Estado,
deve também temer as consequências de ter pecado, ou seja, sente um temor
duplo, sentimento que pode fazer com que ele não cometa o crime. O problema é quando
o indivíduo tem uma interpretação própria da sua religião, quando ele molda os
dogmas a seu bel prazer. Pois só se submeterá de fato às leis do Estado e, se
esse mesmo indivíduo for por algum acaso eloquente e inteligente, poderá
convencer outras pessoas de que suas interpretações são as corretas. Esse é um
dos aspectos mais perigosos da religião.
Outro problema
que ela causa é a noção de superioridade de um grupo em relação a outro. Por
mais que preguem amor e respeito ao próximo, religiões alimentam o ego dos
fiéis, ensinando que eles são o povo escolhido, que eles são os escolhidos de
Deus, que suas vidas têm um grande propósito. A escolha de uma religião implica
que as demais não são certas, que outros religiosos optaram por mentiras e que
as suas escolhas são as corretas, essa simples atitude já estabelece uma relação
de diferença ente fiéis de diferentes religiões. Somando a essa situação um
líder carismático com interpretações singulares de determinada crença e seus
dogmas, tem-se um terreno fértil para desentendimentos e até mesmo guerras
religiosas.
Uma das grandes
contradições das Igrejas Católica e Protestante é a crença do paraíso. Ao mesmo
tempo que os fiéis são ensinados a aceitarem Jesus e conseguirem a vida eterna
e assim atingirem a felicidade suprema nos céus, também aprendem a amar ao
próximo como a si mesmos. Porém, não deveria ser encorajado nenhum sentimento
de felicidade, pois ao terem certeza de que terão a vida eterna, têm certeza de
que todos aqueles que não são convertidos estarão fadados ao inferno, em outras
palavras o sofrimento eterno. Ou seja, o amor ao próximo é esquecido e resta
apenas a alegria da sua própria salvação. Sim, o ser humano é falho, portanto
essa não deveria ser encarada como uma verdadeira contradição dogmática, visto que
nenhum homem estará apto a seguir as regras sem nenhuma infração. Ainda assim,
as Igrejas parecem focar mais nos ganhos adquiridos pela aceitação de seus
dogmas do que no sacrifício que essa atitude necessita, ou mesmo levar em
consideração a quantidade de “ímpios” que estão destinados ao inferno.
Seguir uma
religião baseia-se fundamentalmente na confiança ou fé, não em Deus, mas sim no
seu líder religioso. Acreditar cegamente em uma entidade onipotente é simples,
o complicado é aceitar a palavra de um líder autointitulado, que se diz “boca
de Deus”, que interpreta os dogmas de determinada religião. O complicado é
aceitar que ele diz a verdade, que de fato possui uma conexão direta com deus
e, portanto, deve ser obedecido sem contradição. A dificuldade se encontra em
aceitar parar de pensar em suas atitudes, parar de ter um raciocínio crítico e
permitir que seu líder dite os dogmas e paradigmas que terão de ser obedecidos,
dizer qual será a punição de determinados atos, dizer o que é certo e errado.
na verdade se preocupam, ou teoricamente deveriam se preocupar com a salvação de seus próximos, tanto que em vários momentos na bíblia Deus manda que profetas levem a verdade ao seu povo e mais tarde Jesus, passando a mesma mensagem. entretanto, se fossemos nos entregar a desgraça interna por cada injustiça deste mundo ou do outro não teríamos vida, preferiríamos morrer a sentir tal desgosto. Por isso ter o amor ao próximo como o mesmo que Deus teve para conosco é impossível, para com quem você daria a vida de seu único filho afim salvar? quanto mais alguém que você não conhece, ou que lhe desagrada freqüentemente e pelos seus opróbrios você permite que morra crucificada a sua Prole. é contraditório para nós, porém o amor de Deus é incomensurável e incomparável a qualquer coisa que o homem seja capaz de sentir. Quanto ao inferno, existem versões que ditam essa eternidade como sendo de mil anos, e então essas almas desapareceriam.
ResponderExcluir